Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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terça-feira, setembro 12, 2006

"IMUNIDADE PARA LAMENTAR" - Eleições2006.

Como pensar a política nacional?
Existe um dogma militar que diz: a tropa é o espelho do guia. Guarde isto.
O que mais se ouve, quando o assunto é política, pelas ruas é a insatisfação do povo quanto a seus representantes. É preciso lembrar que vivemos em uma Democracia Representativa. Mas o que exatamente significa isto? Significa que o povo brasileiro por uso adequado, concedido e obrigatório de seu sufrágio elege aqueles que julgam ser aptos para o exercício de representar uma cidade, um estado ou nação. Simples, na teoria e apenas nela. Isto porque nada é tão fácil quanto falar mal de política e seus derivados. Ou não? Claro. Como bons brasileiros que somos, sabemos, como ninguém, escalar o melhor time, melhor esquema tático e, se quiser ir mais longe, armar as melhores jogadas. É, a política perde para o futebol. Somos os melhores técnicos, não somos? Porque, então, não escalamos os melhores “jogadores” na política? Ou será que escalamos? A tropa é o espelho do guia?

Como no futebol, a “grande jogada” é criticar sempre. Falar mal e adquirir apoio de todos, nos torna mais “intelectuais” na roda de amigos. Exaltar, quando a “grande jogada” é rebaixar, torna-se uma ação perigosa, tal qual, com a bola, cruzar a área de seu campo de defesa. Nenhum zagueiro quer passar por essa experiência. Para cada “suicida”, existe pelo menos um “pelotão” de fuzilamento pronto para abatê-lo e a não sustentação de um álibi é vergonha na certa. Na dúvida, critique. A tropa é o espelho do guia?

Esta semana esteve no – diga-se de passagem: excelente – Programa Canal Livre, da Band, o Presidente do Tribunal Superior e Eleitoral e membro do Supremo Tribunal Federal, Ministro Marco Aurélio Mello, onde foram abordados temas referentes á eleições. Determinada hora, um dos grandes nomes do jornalismo presente, que tem como cartas do baralho Fernando Mitre, Joelmir Beting, entre outros, disse que a população deveria eleger a polpa como governantes. Mas por que não são? Vai ver são. Tal questionamento virou coro na voz dos presentes e talvez seja isso mesmo. Vai ver são. A tropa é o espelho do guia?

Mas, enfim, vamos abordar o título e tratar de falar mal do “time”, claro, afinal, ninguém é de ferro, não é?

É realmente muito difícil entender como funcionam as engrenagens brasilienses. Pense em um crime qualquer. Roubo. O próprio jargão popular chama de “ladrão de galinhas” o sujeito “sem expressão” que cometeu um crime “sem expressão”. Isto porque qualquer cidadão comum sabe que até os crimes possuem seu grau hierárquico e caso não existisse, obviamente, todas as penas teriam a mesma punição. O que não tem nenhum sentido. Logo, não seria difícil imaginar que quanto maior a importância e o ônus do crime cometido, maior seria sua punição. Pense agora na maior autoridade nacional. Esquece o Presidente da República, não é ele. É, segundo sua simbologia, a Bandeira Nacional, o próprio Estado-Nação. Por acaso quem rouba os cofres públicos não está roubando a União? Alguém pode me dizer, então, por que o Deputado “ladrão” recebe como punição a destituição de seu cargo em vez de prisão? Ou não deveria ele receber a pena máxima prevista pela Constituição, por subtrair, indevidamente, valores da autoridade suprema e prejudicando, conseqüentemente, um sem-número de inocentes em benefício próprio ou de cúmplices? Não, claro que não! Ele tem imunidade! Imagina como vai ficar a imagem do Brasil encarcerando CORRETAMENTE aqueles que outrora representavam o povo. Ora, se o roubar é prática constante em Brasília e Brasília é a exata representação de todo o Brasil, logo o BRASIL TODO É LADRÃO! Ah, não! É melhor deixar eles roubarem mesmo. A tropa é o espelho do guia?

Reparou que falar mal de política rende mais linhas? É realmente muito mais fácil.

Definitivamente, pensar em política é pensar em tropa, espelho e tudo mais. Mas não é sempre assim. Você com certeza não tem três meses de férias, dois dias úteis livres na semana ou dinheiro extra pra pagar seus funcionários. Assim como também não tem carro com motorista, pagos por outros e, principalmente, décimo quarto e décimo quinto salários – esse é realmente muito difícil entender porque. Somos, claro, os verdadeiros culpados. Não só porque os elegemos, mas também porque roubamos, mentimos e nos escondemos. Somos culpados porque queremos sempre tirar proveitos. Somos culpados porque queremos sempre tomar o lugar de alguém. Somos culpados porque somos exatamente iguais a eles. Porque somos eles! A tropa é o espelho do guia.

Daniel Lopes