Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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sexta-feira, dezembro 29, 2006

"NOVO ANO" - Vida nova?

Finda 2006. Mas antes precisamos repensar o que fizemos de nossa, e em nossa, vida neste último ciclo. Somos dependentes do tempo e pontuados por ele. Mas o que o tempo muda em nossas ações e reações? Um novo ciclo do tempo gera um novo ser? Nos tornamos outra pessoa só por que agora estamos em 2007? A cada fim de ciclo, juramos, prometemos, criamos novos rumos e... no fim de tudo, repetimos tudo que fizemos no último. Somos os mesmos. Mudamos planos, mas pensamos a vida da mesma forma. Nos armamos de mandingas, simpatias e promessas, mas a concepção de nossas ações não muda. Não por ocasião de um novo ciclo. Somos os mesmos, sofrendo mutações a cada instante, a cada experiência vivida, a cada cena observada, a cada interação com o próximo. O tempo não pontua nossas mudanças, mas nossas mudanças que pontuam um novo tempo. Temos em cada um de nós, ciclos que não terminam em trinta e um de dezembro e nem mesmo possuem a mesma duração.

Em nosso tempo, nossa interpretação dos fatos é subjetiva. Depende muito mais do que apenas querermos algo e de tal forma. Podemos gerar planos, mas mesmo que quiséssemos agir de determinada forma, boa parte de nossas reações aos fatos acontece num plano superior ao raciocínio consciente. Está construído pelas nossas experiências adquiridas ao longo da vida por instituições como família, educação, educação religiosa, comunidade e, principalmente, sociedade. Portanto mesmo se quiséssemos mudar, junto com a passagem do ano, seríamos incapazes.

Dom – este raciocínio nos remete a ele. Desde pequeno cresci ouvindo que minha aptidão a arte do desenho, era um dom. Dom. O que é isso? Seria uma dádiva divina? Um favorecimento de Deus a mim? Ou um detrimento do Pai aos demais? Ao repensar minha trajetória me vi horas, debruçado sobre uma folha de papel, segurando um lápis reproduzindo figuras de meu agrado. O que chamavam dom, por mim, chamei dedicação. Dom, era pra mim, gostar de desenhos e a prática, constante e contínua, fez de mim perito. Se acaso, hoje, sem nunca ter tido qualquer experiência com o fato, pegasse um lápis e reproduzisse a Monalisa, talvez não escrevesse este parágrafo.

“Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha que considerar
Pensando bem, pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser que seja tarde demais. Vai saber”.
(Vai Saber? – Marisa Monte)

É assim por toda vida. Nada surge, tudo se desenvolve. Ao menos no que se refere aos seres humanos. Somos os criadores da vida em sociedade e hoje é ela quem nos cria; nos constrói. Somos totalmente manipulados por tendências e modas. Não apenas no vestir, como no usar, no falar, no sentir. Nosso tempo é o tempo que ela nos atinge; da maneira que nos atinge, com a intensidade que nos atinge. Não queira mudar o mundo ou mesmo a si próprio. Pense como pode entender melhor como funciona este mecanismo. Ele é grande e complexo demais pra nós. Os planos ainda existem não os desperdice. Use-os da maneira correta e serás vitorioso. Boa sorte e feliz ano novo.

Daniel Lopes

domingo, dezembro 10, 2006

"MEDO" - O que é isso?

Você sente medo? Do que você tem medo? Qual o seu maior medo? Ter medo assusta? Por que ter medo?

Talvez o medo seja mais importante do que possamos imaginar. Até a dor é necessária a sobrevivência humana. É ela que comunica ao nosso cérebro que determinada parte do corpo pode estar em perigo. Dor é um alerta. Dor não é castigo. Dor é uma dádiva tal como o medo. E tal como dádiva, o medo, tem uma importante função: originar nossas ações. Talvez não seja tão fácil imaginar toda esta relevância a um sentimento que nem sempre se mostra perceptível ou que, de uma certa maneira, nos assusta.

O medo está sempre presente. Medo não é apenas aquela sensação de insegurança, frio na barriga ou tremer de perna. Medo é a possibilidade da perda quando, entende-se, evitável. Se a dor da perda pode não existir, por que deixar que ela aconteça? Desta forma, tomamos decisões, a todo instante, com o objetivo de evitar a perda. A cada movimento, a cada decisão, mesmo subconscientemente, buscamos situações e ocasiões que possam gerar algum tipo de prazer, mesmo que seja apenas o evitar perder algo que seja importante. Mesmo que uma decisão seja buscando, não a perda, mas sim, a vitória, o lucro, o medo está presente na forma de possibilidade da não aquisição de tal vantagem.

Uma maneira fácil de entender como o medo age no homem é observarmos uma criança. Logo, podemos concluir que quanto mais nova e inexperiente é a criança, menos medos esta possui. Não é difícil imaginarmos porque. Só temos medo depois que tomamos conhecimento das ações e reações. Sendo assim, viver é adquirir medos. Ainda no exemplo de uma criança, a primeira manifestação de medo ocorre ainda muito cedo. Uma criança, logo após seu nascimento, tem uma experiência, de certa forma, traumática. Ela é afastada daquela pessoa que esteve consigo ao longo de nove longos meses. A criança perde o sentido de orientação, prazer e proteção e entende que este sentimento não lhe proporciona, e sim deixa de lhe proporcionar, prazer. A criança, então, entende que não quer passar por aquela situação novamente. Nasce o medo. Com medo que determinada situação possa se repetir, a criança chora com o intuito de chamar a atenção e não se mostrar satisfeita com um possível novo afastamento materno.

Ter medo não é vergonhoso. Todos o temos. Ter medo é ter algo a perder; algo a ganhar. É ter escolha. Mas medo não é tudo. Medo não nos passa, por exemplo, a certeza da escolha certa, ou seja, aquela escolha correta a ser tomada para evitar algo que seja indesejado. Saber escolher ou tomar decisões certas é a grande “sacada” da vida. Medo gera possibilidades. Medo e possibilidades geram interesses. Medo, possibilidades e interesses geram objetivos. Medo, possibilidade, interesses e objetivos geram ações. Medo é a constatação do raciocínio do Homem. Somente o ser humano argumenta tão bem com este incômodo sentimento. Medo é vida.

Daniel Lopes