Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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quarta-feira, setembro 05, 2007

"FUTURO" - Desconstrução

O futuro não existe e ponto. O que existe é um conjunto de regras, raciocínios, desejos e crenças que nos levam a construí-lo. Claro, que muitas vezes tais cálculos se perdem, se confundem ou simplesmente se enganam, mas a verdade é que a constante dedução barata do que está por vir, acaba por fomentar ainda mais sua existência. Criar o desenrolar de algumas ações, rascunhar determinadas reações ou vislumbrar possibilidades é projetar atitudes e construir o tempo em um tempo que não existe.

Não se pode contar com o que ainda não se concretizou. A concretização, no caso, é a realização, isto é, seu nascimento. Por uma questão cronológica, tudo se inicia na precipitação ao tempo de nosso raciocínio, o que chamamos futuro, se desenvolve e se concretiza durante a realização do seu momento, o que chamamos presente, e se finda e se fundamenta na perpetuação de sua existência, o que chamamos passado.

Todas as nossas atitudes, no entanto, são voltadas ao futuro. Mesmo quando pensamos em não de deixar de fazer algo, é esperando o alcance de um objetivo, mas mesmo assim buscar alcançar um objetivo é nos precipitarmos ao tempo; algo que ainda não é. Este “ainda não é” está no futuro; é o futuro, mas é também, para nós, a prévia concretização até que, por fim, se realize e satisfaça nosso desejo; a falsa idealização de sua existência.

Portanto, pensar no futuro, não é uma atividade exclusiva dos religiosos, mas a maneira como o religioso encara esta metáfora o difere de um descrente. Em suma, o princípio religioso atina para decisões em prol de uma conduta digna para que só após essa submissão possa gozar de sua correta postura. Em outras palavras, somados todos os atos, desenha-se o perfil espiritual e este será seu cartão de apresentação a cada uma das divindades creditadas nas diversas vertentes religiosas.

O futuro é e sempre será obscuro até ao mais relapso ou otimista dos seres humanos. Sua “não-existência” o torna ainda mais intrigante e polêmico, a ponto de conduzir-nos a cartomantes e outros leitores de destinos quando sozinhos não somos capazes de alcança-lo.

O futuro só passa a existir quando deixa de ser futuro.

Daniel Lopes