Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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terça-feira, novembro 21, 2006

"O DIA 'D' QUEM?" - Celofane

A década de 90 se tornou um marco no que se refere ao ensino acadêmico nacional. Foi nela que ocorreu a transposição de um sério problema que acercavam jovens na faixa entre 15 e 20 anos: a difícil escolha da profissão a ser seguida. O peso dos vestibulares era a “grande batalha” a ser encarada por aqueles que reuniam condições para tal. O problema se mostrava tão verdadeiro que o sofrimento precedia pelo menos três anos a data prevista. Ainda no início do, atualmente chamado, ensino médio, estudantes se amontoavam em atividades extras com o intuito de se apresentar em melhores condições que outros, então, futuros candidatos. Os cursos pré-vestibulares arrecadavam fortunas.

O problema não foi exatamente resolvido. Foi transferido. Mais especificamente para 4 anos mais tarde. Obviamente muita gente se viu prejudicada. No final da década de 90 ocorreu um “boom” das instituições de ensino superior particulares fomentado, no passado, pelo Governo Federal que, justamente com tal propósito, permitia a designação de filantrópica a empresas que surgiam com este fim. Desta forma, estas empresas gastavam menos com impostos, mais com publicidade e a procura era cada vez maior.

De início não ocasionava perigo às elites, uma vez que ainda se respeitava a formação em universidades públicas. Mas o mercado mudou bastante. Até por conta da absorção, por parte das universidades particulares, de alunos que reuniam condições de passar nos vestibulares e, no entanto, não foram felizes. Outro fator responsável foi a difícil condição do ensino em universidades públicas. Aulas passaram a ser substituídas por longos períodos de greves de professores que buscavam melhores salários. Como um dominó em queda, um problema foi gerando outro. Tais professores encontraram na iniciativa privada os salários dignos que procuravam – e não encontravam – no serviço público. Assim sendo, o quadro das universidades particulares foi deveras enriquecido.

Passou-se então a jorrar mãos-de-obra. “Rios” de gente formada e habilitada passaram a ser postas a disposição do mercado de trabalho todos os anos. Famílias gozaram de suas primeiras gerações de formados, passando – a priori – um saudável sentimento de dignidade. Logo, a estrutura educacional brasileira seria bruscamente alterada. O trabalho passou a ser fonte de meios necessários para se continuar sonhando. A elite perdeu valiosas fatias do “bolo” e o nepotismo – palavra da moda – surge como plano “B” e logo ganha status de “A” como salvação das classes mais favorecidas. No entanto, conforme dito anteriormente, os vestibulares perderam parte de sua importância e, por excelência, o peso da escolha profissional deixou de ser no início para ser ao final da formação, quando, enfim, é chegada a hora de encarar a máquina mercado congestionada de gente.

O que devo fazer? Qual o caminho que devo seguir? Que vertente profissional devo escolher? Devo tentar outros campos? Devo fazer pequenos serviços? E se eu abrisse uma empresa? Qual o meu diferencial? Tantas perguntas acabam por deixar duras seqüelas. Hoje muitos jovens encaram esta fase de incertezas e sentem-se perdidos. Não sabem o que fazer e muitos nada fazem. Apenas arquivam seus diplomas e seguem em profissões que em nada condizem com sua formação. E o pior: talentos são desperdiçados por conta do nepotismo ou porque simplesmente não tiveram oportunidades de mostrar seu trabalho; seu potencial. Um estranho medo surge: o medo de deixar de ser criança e tornar-se responsável, no principal sentido do termo – responder por. O que antes era brincadeira, quando não ignorado, agora é coisa séria. O capitalismo é devorador e não terá pena de ninguém. A contemporânea forma de aprisionamento é o endividamento no cartão de crédito e o jovem já inicia sua vida preso.

Não raro, o interesse particular está acima de qualquer outro. O que você acha que motiva formações de quadrilhas corruptas? Nada se faz se não houver um “incentivo” como Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner sugerem no livro “Freakonomics”. Deixa-se inclusive o que há de melhor para o conjunto e pega-se o que há de melhor para si. Desta forma, seguimos em frente lamentando problemas sérios estruturais de políticas básicas. Lamentamos o caos que se encontra a segurança, saúde e educação públicas e não sabemos onde erramos. Cada um de nós é responsável por tomar decisões que influenciam uma ou mais vidas a cada novo questionamento. É importante que estas decisões sejam avaliadas com seriedade e por quem tem competência. E competência e seriedade não se aprendem na faculdade.

Daniel Lopes

sexta-feira, novembro 10, 2006

"OS TRÊS FAZERES" - Celofane

O texto em questão surge de uma adaptação sofrida por um conhecido dito popular. Tudo na vida é passageiro. Certo? Errado! Quantas vezes já ouvimos esta frase? Muitas, com certeza. Mas não podemos esquecer do “trocador” e do “motorista”. O que parece engraçado é na verdade um assunto sério e não damos conta de sua importância que se apresenta nos dias atuais e em cada um de nós.

A verdade é que, estamos condicionados a nos confortar com nossas pequenas conquistas. É claro que toda conquista deve ser comemorada, mas, ao contrário do que realmente acontece, esta deve servir de incentivo a uma próxima.

Quando utilizamos a expressão “tudo na vida é passageiro”, não estamos apenas impondo limites aos maus momentos os quais passamos. A vida não é composta apenas de momentos ruins. Os bons também se fazem presentes e o cruzamento destes extremos é o que, por fim, chamamos de vida. Logo, afirmar que tudo está, em todo momento, mudando é aceitar a posição – que lhe parece imposta e cômoda – de passageiro.

Tornar-se um passageiro, é mais que pontuar o fim. É também estar passivo aos acontecimentos. O “trocador” e o “motorista” não são passageiros, porque estão em ação. Pensando nas situações prováveis ou não, eles que estão sempre em movimento. Logo, os exemplos a serem seguidos.

Levando em consideração o ônibus como a representação do mercado, podemos melhor visualizar as figuras do passageiro, do trocador e do motorista. O primeiro não exerce qualquer tipo de ação que não seja a de entrar no mercado/ônibus, além do que seu ingresso possui uma validade previamente estipulada – o ponto onde irá descer. O trocador, ao contrário do que faz o passageiro – ou deixa de fazer – exerce alguma função. Esta, no entanto, não chega a ser de extrema significância, mas é necessária para que o mercado/ônibus funcione bem. Já o motorista é a figura de suma importância. É ele que faz com que o mercado realize o seu principal objetivo – o deslocamento! No entanto, o melhor da função de motorista é ter sob seu comando não só o direcionamento que lhe for mais cômodo como também a velocidade que lhe for mais segura. Não é difícil de entender, então, quem possui a principal função. Isso, obviamente, requer uma maior atenção e responsabilidade, mas se você não estiver disposto a tais funções, não reclame mais tarde, dos ônibus lotados.

Por fim, tal expressão não deve ser abolida. Ela deve continuar existindo, entretanto, com um sentido positivo. Ela deve servir de motivação. Algumas pessoas a utilizam como forma de coerção, intimidação e até mesmo com um tom ameaçador. Cá entre nós, existe coisa mais importante na vida que desejar, pura e simplesmente, a queda de outro. Existem coisas boas e realmente importantes para nos preocuparmos com a nossa. Corra atrás, procure-as, encontre-as e fale: tudo na vida é passageiro, mas eu sou o motorista.

Daniel Lopes