Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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domingo, outubro 29, 2006

"O QUARTO PODER?" - Eleições2006

As diferentes faces da mídia sempre foram pautas para longos discursos sociais e acadêmicos. No entanto, mesmo sendo exacerbadamente estudado, o poder midiático ainda é muito recente e sua prática não está apenas relacionada ao domínio de suas funções somado a novas técnicas, como também está diretamente associada à evolução tecnológica. Desta forma, não se faz gênio os que, por hora, tentam rascunhar o tamanho “poder” que está em jogo. Entretanto, mensurar seu universo talvez não seja a questão mais importante. Por exemplo. Tente imaginar quem o controla e como este controle se dá. Três poderes instituem a estrutura sine qua non de uma nação democrática. São eles: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Três forças motoras, fracionadas em diferentes atuações, que por intermédio de suas atividades proporcionam o funcionar da grande máquina denominada Estado. Cada um dos três poderes possui uma atuação independente o que sugere autonomia de suas ações, no entanto, esta se faz necessária para que, dentro de suas competências, um possa fiscalizar a prática do outro. Mas quem controla a ação da mídia?

À época em que falar de mídia significava falar apenas de TV e rádio, tal questão talvez não fosse gerar tanto raciocínio. Isto porque o governo detém e controla, através do Ministério das Comunicações, o que pode ou não e deve ou não ser exibido nestes meios, sujeito à punição por perda parcial ou total do direito de utilização de tal espaço. No entanto, hoje o assunto é muito mais complicado. Um extensivo e democrático mercado se apresentou ao mundo na última década. A rede mundial de computadores, internet, passou a fazer parte do dia-a-dia de cada cidadão ao ponto que não ter um correio eletrônico é quase que não possuir uma identidade, mesmo que esta seja virtual. Nos dias atuais, o vulgo e-mail é o principal contato solicitado no que se refere a transações em atividades profissionais ou particulares, justamente por substituir documentos burocráticos e possibilitar uma consulta ao tempo que o usuário desejar. Desta forma a facilidade, velocidade e eficácia da “Word Wide Web” tornaram-na uma das principais “armas” da sociedade, já sendo considerada por alguns como também veículo de massa, outrora, denominação destinada apenas à rádio e TV. Denominação questionável.

Outra polêmica acerca de denominações que se referem ao universo comunicativo também se faz presente. Esta diz respeito à força e importância da mídia de uma forma geral. Algumas vertentes filosóficas consideram e chamam a mídia de “quarto poder”. Clara referência aos outros três poderes supracitados. Tais estudiosos consideram que a mídia também tem atuação independente e fiscalizadora dos demais, além de considera-la também parte da estrutura básica do Estado. Desta forma, tal denominação estaria devidamente fundamentada. Outra vertente, no entanto, vai além. Considera e chama a mídia de “poder moderador”. Esta denominação, que fora imposta anteriormente ao Executivo, pode sugerir uma falsa idéia de que o detentor desta atue como articulador dos demais poderes. Um pensamento pequeno frente ao real significado. A idéia da moderação se refere ao sentido de sobrepor-se aos demais poderes, pressionando-os em busca de soluções para benefícios, ditos, sociais, utilizando para isto, a exposição em massa dos que não se comprometem. Um rascunho da dita prática hierárquica, ou sociedade atual, em que a elite não se submete as normas estipuladas por lei. Outros estudos, porém, apontam a mídia como um "não-poder", ou simplesmente um veículo empresarial em busca de interesses próprios.

Por fim, alguns conceitos devem ser somados. A mídia age, sim, fora da lei, o que acaba por gerar dois conflitos. A sociedade cria dependência nas atividades da mídia em busca de soluções, que por conseqüência se beneficia desta dependência. No entanto, a atuação da mídia tem grande importância no mundo atual e hoje é a grande responsável pela manutenção dos valores democráticos, tornando visíveis fatos que possam causar prejuízos ao bom funcionamento das instituições que compõe o poder público.

Nota
A série Eleições2006 chega ao fim com Luiz Inácio Lula da Silva eleito, novamente, Presidente da República Federativa do Brasil. Na condição de brasileiro perseverante encerro esta série desejando que o Brasil, que amanhã se inicia, consiga reorganizar suas idéias, estipular prioridades, criar políticas de combate a crimes contra a nação e sua gente e, principalmente, caminhe de cabeça erguida em busca de dias melhores. Parabéns Brasil.

Daniel Lopes

domingo, outubro 22, 2006

"OS TRÊS PODERES" – Eleições2006

A palavra poder nunca foi tão bem definida. Desde o início de toda a confusão envolvendo governo, bases e oposições, as atenções estiveram sempre direcionadas ao Legislativo e, cada vez mais, ao Executivo. No entanto, estamos esquecendo – ou sendo induzidos a esquecer – a decisiva atuação do poder Judiciário, que se mostra o personagem não principal, mas coadjuvante desta dramaturgia. Como todo bom romance, o atual também se constitui da estrutura básica. Tendo em vista o papel principal ser sempre o “mocinho”, podemos dizer que o povo fica com essa parte. Daí pra “bandido”, só há dúvidas quanto ao líder da quadrilha. Nesse caso devemos refletir e esperar até o último capítulo pra determinar-nos quem fica com este papel, Executivo ou Legislativo, que cá entre nós, se confundem a toda hora. Já o papel coadjuvante também já está determinado. É aquele que muitas vezes está do lado do bem e, de repente, aparece do lado do mal. Aquele que os escritores deixam como “curingas”, ou guardados na manga, para uma eventual surpresa. Definitivamente, um personagem que o “mocinho” nunca pode confiar. Mas sempre confia. Oh, “mocinho” bobo – qualquer semelhança como o povo, não é mera coincidência!

Se existe alguma dúvida de quem exerce esse papel na trama, sugiro uma re-leitura dos capítulos – ou leitura, para os que procuram não assistir essa novela. Com o início do que poderia ser o fim do mistério envolvendo “mocinho” e “bandido”, a CPI, o Judiciário vem tomando decisões que, em sua maioria, parecem dificultar ainda mais a solução do caso, quando o seu papel deveria ser exatamente o contrário (lembra a história do “curinga”?). O coadjuvante aos poucos mostra a sua cara.

Um indivíduo que rouba milhões dos cofres públicos, ou que negocia aquilo que deveria ser o principal veículo de atuação de uma democracia – o voto – ou que vende seus critérios em prol de recursos financeiros, tem direito a manter-se calado? Tem direito a ter seu nome poupado de divulgação frente à opinião publica? Ou deveria pagar pelos crimes que cometeu? Honestamente, avaliando o estranho desenrolar desta novela, temo que a trama não tenha fim, que fiquemos reféns desta programação, a exemplo das séries de TV que roubam nossa atenção e nos enganam com pequenos capítulos independentes, os quais nos satisfazem, mas, no entanto, nos impedem de saber a exata verdade – o verdadeiro fim – o último. Nada contra a TV e sim contra a passividade do verbo “assistir”.

Sendo assim só nos resta concluir que, durante todo esse tempo em que o “mocinho” achou que o coadjuvante estivesse do seu lado, ele estava realmente “atuando” e contribuindo para que essas pessoas permanecessem impunes concedendo-lhes hábeas corpus, direito ao silêncio e impedindo que seus nomes fossem divulgados. O Judiciário se mostra a cada dia mais um membro desse grupo. Uma vez em que vivemos em uma democracia e o bem da democracia é o bem de seu povo, o Poder Judiciário tem o dever, tal qual o Executivo e o Legislativo, de operar em benefício dele, fazendo-se visível aos olhos de todos, os crimes que atingem a integridade da nação e o progresso do país. Outrossim, sendo este o poder que fiscaliza o exato cumprimento do conjunto de normas que constitui uma nação, a lei, sua irresponsabilidade é ainda mais inaceitável.

Daniel Lopes

terça-feira, outubro 17, 2006

"PARA VÊ-LA PASSAR" - Série "Como Quem Observa".

Entrevista Jaqueline Gouveia, atriz. *

Um “oi” e um leve balançar de cabeça. Desta forma a atriz Jaqueline Gouveia dirige parte de sua atenção em minha direção. Não sei exatamente como trata-la. Ela é tímida em um primeiro e único momento. Logo se solta e permite que qualquer pessoa fale de seus trabalhos como quem gosta de ouvir e reavaliar seu currículo. Estatura mediana para uma mulher, não é exatamente sua altura que a torna uma pessoa desejável frente ao universo masculino. Os lindos olhos verdes enfeitiçam os que se atrevem a observa-los por mais de dois segundos. Não raro, sua boca deixa de existir logo que estes “roubam” dela a função de sorrir. Mas seus lábios não reclamam e se encarregam de outra: materializar em palavras o que vem de seu coração.

Antes de me apresentar procurei me manter oculto com intuito de observa-la e, principalmente, observar aqueles que a observam. Não sabia quem era eu mesmo que pudesse me ver... mas não podia. Não é difícil se manter oculto mesmo quando não se pode estar invisível. Ela anda como quem passeia num parque florido. Seus cabelos longos e pesados se tornam fios leves de algodão quando o vento abrilhanta sua imagem. E não é o mais fascinante. Inenarrável é a admiração dos que ali dividem seu espaço. Homens e mulheres se curvam para melhor enxerga-la. Para vê-la passar. Para ver seu caminhar. Para ver seus dotes; seus decotes. Enquanto presente, parece única. E precisa mais alguém?

A estrada não é longa. Com apenas 22 km rodados a jovem Jaqueline, que muitas vezes parece não ter deixado a infância, por conta de suas breves “molecagens”, deu asas ao sonho de bater asas e por duas vezes desfrutou, do alto de uma asa-delta, a beleza do Rio, naquele que foi “um dos momentos mais marcantes da minha vida. Tive um certo receio e pensei que não iria conseguir. Mas fui forte e isso me proporcionou um gostinho de conquista”. Jaqueline sorri com lágrimas nos olhos quando pergunto sobre a pessoa mais importante de sua vida. “Minha mãe. É o símbolo da força. Ela é a imagem da minha determinação”. Determinação que fez de Jaqueline Gouveia uma das atrizes mais respeitadas de sua geração. Em seu primeiro trabalho na TV, depois de ter passado algum tempo no teatro, Jaqueline desfila com ar de quem recebeu da crítica o título de grande promessa do cenário brasileiro. “Mas tento não me prender a isso. Acho que ainda tenho muito a aprender. Como uma menina”. Ela sorri e eu pergunto sobre sua infância. “Ai que saudade de ser criança”.

A menina Jaqueline nasceu e cresceu na zona norte do Rio. Travessa, sempre se metia com os meninos “porque sempre achei mais interessantes a brincadeiras deles. Por exemplo: tem coisa melhor do que bater uma bola?”. O futebol acabou sendo marca registrada em sua vida. Já na juventude Jaqueline Gouveia levou a sério o que antes era apenas uma brincadeira. “Joguei pelo botafogo. Uma época maravilhosa e que deixa muitas saudades. Além, é claro, de muitos amigos”. Mas de amigos ela não reclama. São muitos. Pessoas da família. Pessoas íntimas. Pessoas próximas. Pessoas não tão próximas, mas que por serem fãs e quererem seu bem “também os considero amigos. Acho muito importante cada um deles. Eu não seria muita coisa se eles não existissem”.

Já me preparava para a próxima pergunta quando fomos interrompidos por uma música. Era “Kiss Me. Minha música preferida”. Tocava em seu celular e Jaqueline evitava atende-lo para que pudesse curtir um pouco mais “a música mais maravilhosa deste mundo”. Um mundo que a jovem atriz ainda sonha conhecer. “Sou apaixonada pela Austrália. Preciso conhecer. Mas a Europa me chama. Tenho um sonho viver num lugar assim”. Fugir de seu lugar me fez pensar em um livro que Jaqueline Gouveia levaria consigo. “Xamã Dourado. Um livro que proporcionou um crescimento espiritual muito bom pra mim”. E ela não diz isso à toa. Jaqueline é extremamente religiosa. “Deus me deu muitas coisas boas nesta vida. Amá-lo, é o mínimo que posso fazer”.

Um “obrigado” e um forte abraço. Desta forma Jaqueline Gouveia se despede de mim. Ainda não sei exatamente como trata-la. E talvez não mais saberei. A timidez do primeiro momento, já não existe. Mas o resto – todo – existe. Todo aquele brilho, de uma verdadeira estrela, que se esvai à medida que ela vai. Os que ficam, triste ficam. Eu sou um dos que ficam. Fiquei. Mas também muito contente fiquei ao ouvir da menina “adorei conversar com você. Dei boas risadas”.

JG, um beijo especial.

Daniel Lopes

* Texto e personagens meramente fictícios.

segunda-feira, outubro 16, 2006

"COMO QUEM OBSERVA" - Série de entrevistas fictícias.

Série de entrevistas fictícias de autoria de Daniel Lopes e cunho estritamente literário. Qualquer semelhança não é mera coiscidência por ocasião do autor utilizar-se de exemplos próximos para a construção do produto final. Há, portanto, fatos verídicos mesmo que a entrevista não seja. No entanto, caso haja qualquer citação a pessoas físicas ou jurídicas, esta será feita de maneira a preservar e proteger a identidade do retratado, utilizando de nomes falsos, iniciais e/ou siglas visando impedir a identificação.

Obrigado
Daniel Lopes

segunda-feira, outubro 02, 2006

"TPE - TENSÃO PRÉ-ELEITORAL" - Eleições2006.

Se finda a última e, por excelência, mais conturbada semana para a política antes da “urna”. A semana eleitoral. Claro, ao menos no que se refere ao primeiro turno. Sabe-se que ao tempo que alguns terão sorte, outros terão que passar novamente por todo o transtorno que precede o pleito. Eleições nacionais e estaduais vão caminhando para o “dia D”. Muito “se falou” nessas últimas 72 horas, por conta dos debates que encharcaram de informação os eleitores em potencial, na verdade, muito também se enrolou, se desconversou e, principalmente e definitivamente, se ocultou. Nada de mais brasileiro, não é mesmo?

Em semana de debates na TV, destaque especial para o carioca exibido no último dia 27, pela emissora líder do mercado. Em plano, grandes nomes...do passado: a ex-juiza; o ex-militante; o ex-bispo; o ex-jornalista e o ex...bom, um deles não é “ex” de nada. Talvez porque nunca tenha sido nada, ou tenha sido eternamente candidato a alguma coisa...inclusive a advogado. No comando, o nosso “Christopher Reeve depois do tombo”, que vez por outra se viu na obrigação de utilizar todo o jogo de cintura – que não tem – para fazer valer a máxima de que não é permitida manifestação partidária dos presentes. Resultado: bagunça.

Embora com os contra-tempos supracitados, o debate se mostrou bem interessante, no que se refere a particularidades, a começar pelo líder das pesquisas, candidato Sérgio Cabral, que num estilo quase “robótico”, buscou – sem sucesso – esquivar-se dos “petardos” arremessados por inimigos políticos. Estilo figurinha PSDB, Eduardo Paes demonstrou grande conhecimento teórico, o que pareceu ter feito bom dever de casa, apesar da aplicação dos conceitos gerar alguma polêmica. Denise Frossard, bem ao estilo promotora, deu as mãos ao candidato petista em busca do detrimento a popularidade de Cabral, numa relação de amor e ódio explícitos, embora Vladimir Palmeira tentasse, vez por outra, ocultar o romance. O Candidato do PT, aliás, bem ao estilo “fanfarrão”, foi o dono do show e muitas vezes seu silêncio feria mais que suas palavras. Quem mais sofreu com seu ataque, foi o mediador. Nunca foi fácil segurar um militante político. Segurar, por outro lado, é termo inexistente no dicionário do candidato Marcelo Crivella. Sem qualquer reação física ou variação do tom de voz, Crivella seguiu o debate, como sempre, como se estivesse em uma entrevista. Havia horas que parecia não ouvir a pergunta feita e respondia em forma de discurso pronto. Boa tática. O debate carioca gerou boas risadas, embora o assunto seja de extrema importância.

Um tom a cima do plano estadual e da conduta “esportiva”, dia 29, foi vez do “tão esperado debate dos presidenciáveis”. Willian Bonner, que dispensa comentários, conduziu o confronto. Em foco, duas esquerdas e uma direita, se é que ainda podemos pontuar pólos no Brasil. O Candidato do PDT, Cristóvão Buarque, em sua marcha lenta, esbanjou simpatia e não se desprendeu do lema “revolução pela educação”. Entre homens, uma mulher. Heloísa Helena, grande referência do universo feminino nos últimos anos, fez questão de lembrar a “I-rreeeeeesssssponsabilidade” política dos últimos três mandatos, juntando num mesmo poço petistas e peessedebistas. Por falar em PSDB, é impressionante como o partido “tucano” fabrica homens “em série”. Mais uma figurinha num universo composto de “Cardosos”, “Serras”, Geraldo Alckmin, bem como Eduardo Paes, candidato a governador no Rio, seguem o estereótipo do partido. Alckmin apresentou, também ao estilo do partido, uma linha muito mais voltada ao lado econômico, ao contrário dos outros presentes voltados muito mais ao lado humanitário da campanha. O ex-governador de São Paulo lembrou seus feitos como chefe do estado paulista. Alckmin lembrou, ainda, que o Brasil “p’ssatê” uma boa política econômica e “p’ssatê” consciência de redução dos impostos. Falar em “presentes”, no entanto, faz-nos lembrar de “ausentes”. Talvez a maior decepção do governo “estrelado”. Seu candidato, símbolo de luta e militância, fugiu do combate. O candidato Luis Inácio Lula da Silva faltou ao compromisso que deveria ser divisor de águas em sua campanha. Não há dúvidas que o Brasil acordou mais decepcionado. Agora, o Brasil “p’ssatê” consciência e não faltar com sua “rrrrrrrrreeeeeeessssssssponsabilidade” para alcançar a tão esperada revolução... quem sabe pela “educação”?

Daniel Lopes