Nota pós-Notícia

Globalização...o sentido da palavra não está associado apenas a unicidade com que as notícias percorrem o mundo com o advento da informática. O complexo sistema disponibiliza, mas também controla o que deve ou não ser publicado. "pós-Notícia" é o discorrer dessa informação, o intercalar das inúmeras notícias que recebemos todos os dias e as desconsideramos ao final deste. Você já pensou que estas, por mais estranhas e opostas que pareçam, possam estar interligadas?

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terça-feira, agosto 29, 2006

"A ROBOTIZAÇÃO HUMANA E A HUMANIZAÇÃO ROBÓTICA" - Celofane.

Tudo mudou desde que as máquinas passaram a dar o ar de sua graça no cotidiano das grandes cidades. Ressalta-se ainda, que toda essa revolução só não se faz mais contundente por conseqüência do inversamente proporcional avanço tecnológico longe dos centros urbanos. Com a ampliação da mão de obra, antes destinada apenas aos seres humanos, empresas detentoras de bom poder aquisitivo passaram a depender apenas de suas próprias economias para dobrar sua produção. Era apenas o rascunho das sociedades contemporâneas. Essa relação de amor e ódio se desenhou durante anos, percorrendo tempo e espaço no decorrer dos últimos séculos alcançando os dias atuais. À medida que a tecnologia e suas vertentes se mostravam cada vez mais exploráveis, o homem se mostrou cada vez mais explorador, disponibilizando recursos incalculáveis.

Nas últimas duas décadas, tudo que se entendia por interação humana ganhou novas definições. Passamos a depender do trabalho das máquinas. De forma direta ou não, passamos a estar, cada vez mais, em interação com máquinas e cada vez menos com humanos. O homem urbano que se preze passou a não ter vida se não possuidor uma identidade virtual. Antes a condição de existência era ter um nome, com o tempo passou a ser o registro e o hoje é ter um e-mail. Antes que coloquemos em questão os valores sociais ou sua degradação, voltemos às questões centrais.

A sociedade aperfeiçoou sua mão de obra, programando máquinas que pudessem desempenhar as mesmas funções dos humanos, com rapidez, eficiência e, principalmente, sem descanso. Não raro, o homem não apenas se sentiu ameaçado, como realmente foi. As máquinas ocuparam o lugar de trabalhadores derrubando em primeiro lugar os mais idosos. Mas o homem demonstrou reação. A nova sociedade, não mais dócil pelos regimes murados da produção industrial, exigiu um trabalhador não mais detentor de juventude e braço forte. Exigiu conhecimento, o que se entende por informação, aplicação e experiência.

E então as máquinas ressurgem com nova roupagem. O computador caiu no colo do homem com a imagem do caçula carente que merece atenção especial, enquanto não cresce e contraria com escolhas de vida. Hoje, no entanto, o que se entende por interação homem/máquina ganha novos horizontes. Talvez destinadas a assumirem de vez o controle da vida na terra, as máquinas passaram a se mostrar cada vez mais humanas. Algumas características diferenciavam qualquer ser humano de um puro e simples robô. Entretanto essas diferenças estão cada vez mais escassas, uma vez que o desenvolvimento tecnológico atribuiu às máquinas o poder de simular desejos e escolhas, outrora somente permitido a seres dotados de raciocínio. Hoje as máquinas nascem com domínio do conhecimento, desenham escolhas e não mais desempenham sua função com igual maestria sem uma boa noite de sono.

Daniel Lopes

sexta-feira, agosto 11, 2006

"A FRAGILIDADE DO SER DE SER" - Celofane.

Um ano de vida e o ser humano começa a dar seus primeiros passos. Alguns anos depois começa a se alimentar sem a ajuda de seus genitores. Com mais alguns, sua dentição é substituída por aquela que vos acompanhará por toda sua existência. Não há dúvidas sobre a fragilidade do ser. Se dependesse de seus próprios meios o homem não seria capaz de sobreviver e caçar se tornaria dificuldade tamanha, que possivelmente teria como sua a vaga de presa fácil na cadeia alimentar do mundo animal.

Naturalmente a evolução da espécie foi generosa aos detentores da habilidade de raciocinar, mesmo que esse termo se torne pejorativo num mundo, dito civilizado, onde os homens continuam a se matar como na época de cavernas como moradia. Na medida que os anos passaram e o primitivismo foi esvaindo-se, o homem foi se agrupando e gerando o que hoje chamamos de sociedade, onde os cuidados com recém chegados garantem sua sobrevivência.

No entanto, a grande vantagem do homem, o raciocínio, torna-se também sua questão mais delicada. À medida que o indivíduo se forma, formam-se junto seus interesses, não apenas os coletivos, mas sim, e principalmente sim, os individuais. Derrubam-se os conceitos de sociedade e o homem se depara com o impasse fruto da relação de interesses particulares.

Os Conflitos passam a fazer parte da vida em sociedade e do cotidiano do ser humano. Tudo, exatamente tudo, que necessita ação do homem, requer que se instaure um conflito. Conflitos são jogos de dois ou mais jogadores que possuem, cada um, um ou mais interesses, logo seu desenvolver nunca é tão simples, não obstante à observação de sociedades que mantém íntimas as relações religiosas e culturais, em que conflito é sinônimo de guerra.

Em geral o discorrer dos conflitos são desencadeados em duas vertentes. A violência, como supracitada, ou o consenso que é sempre momentâneo. A má ou a não administração de um conflito resulta na primeira vertente enquanto a segunda resulta da correta administração. Esta última seria a solução em que as duas partes são eqüitativas se no ganho ou na perda parcial ou, mesmo, total dos interesses. Neste caso o importante é que se faça presente o igual peso das partes.

Então, o que é paz pra você? Antes que coloquemos roupas brancas, soltemos pombinhas ao vento ou acendamos velhinhas pleiteando o direito de viver em uma sociedade onde se impere a paz, pensemos: o que é paz pra você? Um lugar onde não se formem conflitos? Onde não se gerem questionamentos? Onde são aceitas, sem qualquer impasse, normas? Onde estas são respeitadas cegamente? Plenitude!
Será justa essa dita paz? Será verdadeira? Será honesta? Ou será utópica? E quem garante que já não vivamos num simulacro dessa chamada paz? Ou não te incomoda a insatisfação de um cidadão, ao bradar sua indignação com o mau tratamento recebido na fila do banco? Se a paz que se refere é um mundo sem violência, regado a respeito, cidadania e responsabilidade social, repense a paz que você pede!

Daniel Lopes

terça-feira, agosto 01, 2006

"CANIBALISMO DO TEATRO URBANO MODERNO" - Celofane.

Nas grandes civilizações teocráticas de autoridade absoluta do soberano, qualquer desvio era punido com o máximo de severidade. A Grécia antiga foi a primeira sociedade a elaborar justificativas para a censura. Baseado no princípio de que o governo da pólis (cidade-estado) constituía a expressão dos desejos dos cidadãos, este podia reprimir todo aquele que tentasse contestá-lo. Sócrates foi exemplo quando condenado por irreligiosidade e corrupção de jovens, foi executado através de ingestão de cicuta. A censura se fincava nas sociedades e mesmo Platão, discípulo de Sócrates, a defendia como um dos requisitos essenciais ao governo.

Esta então, passou a difundir-se no mundo. Em Roma alguns princípios gregos foram copiados. A Lei das Doze Tábuas castigava com a morte os autores de sátiras políticas, e em muitas ocasiões condenou à destruição pública diversas obras de literatura e filosofia.

Desde as primeiras manifestações, os artistas eram alvo de repressões e, por este motivo, obrigados a não mostrarem seus rostos uma vez que, eram castigados se pegos na prática de tal exercício. As máscaras então surgiram como solução rápida. Com elas os artistas de ruas não eram reconhecidos e desta forma podiam fazer graças sem serem reprimidos.

Séculos se passaram. As máscaras caíram. Mas os artistas ainda vivem. Agora vestem roupas mais simples – são crianças carentes – muitas vezes nem tão crianças assim – que ganham a vida na faixa de pedestres. Os atuais artistas de rua percorrem a cidade com os mesmo truques e habilidades, agora, por uma questão única e exclusivamente de necessidade.

Não menos censurados, eles não precisam mais se esconder. Não se faz necessário o uso de máscaras por um simples motivo: não são mais meia-dúzia de “artistas” nas ruas. Agora são dezenas, centenas...

A falta cometida por estes artistas hoje, é não estarem nas ruas. O fomento, que agora parte das autoridades (in)competentes, é para que continuem a fazer graça. Afinal, nem mais crime é – O que seria do rico sem o pobre? – Da um “pouquinho” e eles logo ficam felizes, não perturbam mais, acreditam que na paz e, de quebra, ainda votam na gente!

O canibalismo nunca esteve tão na moda.

Uma nova modalidade, mas “canibalismo” sim. Devoramos nossa própria espécie, e as fazemos devorar-se umas as outras. É bem verdade que não as comemos ipsis literis, mas é como se fosse, devoramos nossa gente de forma premeditada sem darmos nenhum tipo de oportunidade. Todos. Todos nós temos culpa...

Não se surpreenda se este diálogo tornar-se real em breve. Não estamos longe disso.

- Amor, vamos ao circo?
- Vamos! Quanto é?
- É de graça.
- O que? Onde?
- Logo ali, debaixo daquele semáforo!

O espetáculo é bem diversificado e... concorrente. Para os amantes do equilibrismo tem; para os amantes do malabarismo tem; para os amantes das palhaçadas... bom, este tem de sobra! Até porque, tudo que movimenta (o mínimo de) dinheiro gera concorrência no Brasil. É o que vemos nesta lona nos dias de hoje. Os pequenos artistas carentes agora disputam a faixa com artistas profissionais. Gente criada em circo e que se sentia prejudicada porque os moleques “tiravam” mais. Enfim, se pobre nada tem, no lugar de algo pra perder o podre perde o lugar.

E o que seria de um espetáculo sem algo para degustar? Nada! O cardápio também é bem variado. Vai de pipocas a balas e amendoins. No espetáculo out-door nada pode faltar. Um programa perfeito para o “finzinho” de tarde. Por falar nisso, o que você vai fazer hoje? Que tal um teatrinho? A peça? O Canibalismo do Teatro Urbano Moderno.

Daniel Lopes